sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

"Risíveis Amores" (Milan Kundera)

Ano: 2012 / Páginas: 264
Idioma: português 
Editora: Companhia de Bolso
"Risíveis Amores" é a segunda obra publica de Milan Kundera. Um livro de contos que traz à tona a temática do amor e do sexo na modernidade.  

O elo entre os sete contos é a mentira ou a ilusão. Os personagens são um lembrete de como estamos sempre atuando, criando uma imagem falsa de nós mesmos para viver socialmente. A vida é um teatro. E nos relacionamentos amorosos é que este teatro atinge seu ápice, seu grande momento. A ilusão é uma necessidade. 

Kundera é poético e elegante (como sempre), os seus enredos, extremamente simples, servem de acesso a reflexões profundas acerca da hipocrisia humana. Kundera tem uma capacidade de criar histórias de onde menos se espera, acontecimentos banais são revestidos de sentido com os monólogos dos personagens. A utilização primorosa do discurso indireto livre, a construção dialética dos diálogos e mergulho psicanalítico são outras características da sua escrita. 

Os contos prezam pelo humor, o tom lúdico enlaça a obra do início ao fim. São histórias engraçadas e divertidas, mas que tendem também ao trágico, por escancarar o vazio da experiencia social. Como somos superficiais, como somos falsos. 

Em "Ninguém vai rir", o conto mais engraçado de todos, temos uma mentira que sai do controle. O mesmo acontece em Eduardo e Deus, em que uma mentira inicial leva a outras tantas, impossíveis de se manter. 

No "Jogo do carona" temos um casal de namorados que resolvem fingir que são estranhos, mas terminam descobrindo que não estavam fingindo. Em o Pomo de Adão temos o jogo da conquista, em que se vai percebendo que jogo é mais importante que a conquista em si. 

Em "os velhos mortos..." temos dois antigos conhecidos que se reencontram e , na tentativa de causar os mesmos sentimentos de desejo de outrora, tratam de criar uma aparência altamente destoante da realidade. Esta encenação lança uma nova luz ao passado distante e culmina no sexo casual na terceira idade.

Outro aspecto que atmosfera cômica criada por Kundera denuncia é a incapacidade para rir de si mesmo. Não levar a vida tão a sério é um desafio para a nossa sociedade. Estamos tão ligados ao nosso ego que não conseguimos perceber como somos patéticos. As nossas preocupações, nossas competições, nada escapa à nossa mesquinhez egocêntrica. Tudo isto é encarado com uma seriedade tão exacerbada... ah, como estamos distantes da essência das coisas.





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