"A Beleza é Uma Ferida", do indonésio Eka Kurniawan, é um romance multifacetado histórico que se deixa envolver por um realismo fantástico que remete rapidamente ao Sr. Garcia Marquez. A atmosfera fantástica, a excentricidade dos personagens e, sobretudo o tom jocoso, a sátira nos leva imediatamente ao Sr. Garcia Marquez, mas o autor destoa ao acrescentar um caráter folclórico ( o que me levou a uma associação involuntária à Mia Couto), cheio de histórias, que se interlaçam ao redor da prostituta mais procurada de Halimunda Dewi Ayu, a e suas lindas filhas.
A beleza é o fio condutor destas histórias, a beleza que pode ser uma benção ou um fardo. As três primeiras filhas de Dewi Ayu são belas, a ultima Dewi Ayu pede para nascer horrorosa, e é o que ocorre. Em ambos os casos, a beleza ou sua ausência, parecem determinar destinos. modificar rumos das guerras, criar e destruir. Beleza interfere até na política, a beleza como mãe do amor e do ódio.
Mas toda esta atmosfera fantástica e folclórica deixa lugar ainda para o grande trunfo de Eka Kurniawan, que é a história política da Indonésia, por meio da cidade fictícia de Halimunda, tão fictícia quanto a querida Macondo. O autor desenvolve um grande trabalho para aliar este caráter histórico à literatura fantástica. Em grande parte do livro, temos uma combinação primorosa, que envolve e agita a narrativa. No entanto, a história densifica a história, que de início se propõe mais leveza. Ou seja, a história da inidonésia eleva a narrativa, mas também pode se tornar um engodo para alguns leitores.
O livro é extenso, são muitas histórias, a maioria divertida e com viradas sensacionais ou absurdas, o autor brinca um pouco com o tempo da narrativa, mais pro fim, As vezes isso enfada, torna a leitura lenta. Mas no geral, a diversão é garantida.
Vamos acompanhar a família de Dewy Ayu (tragédia familiar), uma prostituta que volta à vida depois de 20 anos morta. Morta porque quis, escolheu a hora de morrer e de volta à vida. Como se pode ver, Dewi Ayu é uma personagem irreverente, extremamente sarcástica, com tiradas e respostas cortantes e engraçadas. Encara a vida com uma naturalidade e criatividade exuberantes.
nome paradoxal da menina mais nova. que encarna em si o próprio paradoxo da beleza. A beleza é ua ferida. beleza que parece vir com violência sexual
beleza sempre tragica para mulheres.
O fato de ser uma leitura multifacetada permite várias leituras, pode ser divertda, mas também incomoda pelas brutalidades que descreve em tom despretencioso. A imersão na atmosfera jocosa se contrapõe a violência, guerra etc.
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