Edição: 1 Editora: Bertrand Brasil ISBN: 9788528617986 Ano: 2015 Páginas: 12 |
Autor e Obra:
Ernest Hemingway é um dos maiores escritores da literatura contemporânea, recebeu, inclusive, o Prêmio Nobel de Literatura no ano de 1954. A prosa de Hemingway é caracterizada pela virilidade e concisão, as palavras saem despidas de enfeites, a linguagem é basicamente descritiva. Pode-se dizer que Hemingway diz apenas o necessário, mas consegue enxertar um sentido especial em cada palavra dita.
"O Velho e o Mar" é uma de suas principais obras, tendo ganho o Prêmio Pulitzer de 1952/1953 e foi citada até mesmo na entrega do Prêmio Nobel. Foi a última publicação do autor enquanto vivo.
A história se passa em Cuba -- onde Hemingway viveu por 22 anos -- e descreve a história de um velho pescador -- Hemingway também era um amante pesca, portanto o livro foi escrito com muita propriedade.
"O Velho e o Mar"
"Tudo que existia nele era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis"
O velho Santiago, um experiente pescador, está há 84 dias sem pescar peixe algum. Já começou a se comentar sobre sua má sorte, o que fez com que seu fiel companheiro de pesca, Manolín, o menino que o ajudava desde pequeno, tivesse de mudar de barco a mando dos pais, deixando o pescador sozinho.
Ao contrário do que dizem, Santiago confia em si mesmo e acredita piamente que há um peixe grande, muito grande, esperando por ele e é com este espírito que ele parte para o mar mais um dia. Santiago fisga um peixe muito grande, o maior que já viu, mas não será tão fácil assim, a luta para matar o peixe é árdua e dura cerca de 3 dias.
Mesmo depois de matar o peixe, o velho ainda passa por outras provações até voltar para sua casa. Nesse meio-tempo, o leitor é levado em uma maré de reflexões sobre vida, morte e superação.
A obra, por completo, lembra bastante a poesia épica grega. A todo momento Santiago está lutando com conflitos internos e físicos. A grandeza da história, para mim, encontra-se, sobretudo, nas conversas que Santiago tem consigo mesmo e com o peixe grande que fisgou, as aves, o mar. A relação que ele cria com o peixe é de uma delicadeza, prontidão e respeito sem igual. Da mesma forma, a cumplicidade de Manolín é bastante cativante e os diálogos entre o velho e o rapaz são simples, mas também carregados de mensagens de afeto, cuidado e amizade.
A descrição dos momentos de solidão de Santiago em seu barco, à procura do peixe, é muito sensível e visual. Parece que as palavras vão saindo do livro e encontram seu nervo óptico, sem atrapalho. Me peguei imaginando cenas maravilhosas na leitura do livro.
“ – E a dor não tem importância para um homem.”
[SPOILER ZONE -- Se ainda não leu o livro, melhor pular esta estrofe] Bem, o clímax da narração ocorre quando o enorme peixe que Santiago fisgou e amarrou ao barco (ele amarra porque o peixe é tão grande que não cabe no barco) é atacado por tubarões, que, um após o outro, terminam por comer e despedaçar todo o peixe. Esses momentos, para o leitor, são de tristeza e impotência intensa. Todo o esforço físico e mental de Santiago é jogado aos mares. O velho esforçou-se mais do que podia, seguiu todos os passos, aguentou a força do peixe por 3 dias, mas algo não estava certo, talvez ele não estivesse preparado para o universo ou talvez o universo não estivesse preparado para ele. E não é disso que é feita a vida? As vezes, dar tudo de si não é suficiente.
“ E o que me venceu? pensou ele. -- Nada -- disse em voz alta. -- Fui longe demais”
Por incrível que pareça, a aceitação do fato por Santiago é algo natural, o velho homem começa a sentir pela dor que causou ao peixe por causa da sua ambição e se arrepende. A luta agora passa ser voltar com vida para casa.
O fim do livro é não é heroico, é humano, doce e ingênuo, como uma canção de ninar.
"Lá em cima, na cabana, o velho estava dormindo de novo, com o rosto escondido no monte de jornais que lhe servia de almofada. O garoto estava sentado a seu lado, observando-o. O velho sonhava com leões."
Edição _________________
A edição da Bertrand Brasil, do Grupo Record, é maravilhosa. A capa é muito bonita, bem trabalhada e a obra contém ilustrações lindas. É uma edição "nova" e a editora já lançou outros títulos do autor.
Animação
Não vi a adaptação cinematográfica para a obra, mas há uma animação inspirada no livro, dirigida por Alexander Petrov, que é sensacional e é bem curta, tem uns 20 minutinhos, dá para assistir no Youtube mesmo e vale super a pena.
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