terça-feira, 16 de dezembro de 2014

"1984" (George Orwell)

Autor e Contexto da Publicação

Edição: 1
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2009
Páginas: 416
Tradutor: Heloisa Jahn, Alexandre Hubner
"1984" é um romance distópico brilhantemente escrito por Eric Arthur Blair, sob o pseudônimo de George Orwell. Foi publicado no ano de 1949 em meio ao recente término da Segunda Guerra Mundial e a corrida armamentista, ocasionada pelo despont
ar da Guerra Fria. Este contexto, visivelmente influenciou a obra como um todo, muitos acreditam, inclusive, que o livro é uma crítica endereçada às ditaduras nazifascistas ou ao comunismo, representado União Soviética.

George Orwell descreve um futuro perturbador para a humanidade  que culmina no sistema social por ele apresentado, bem como criticado, com uma desenvoltura sem igual. O livro é facilmente reconhecido como um mais influentes da literatura moderna, em grande parte pela sua atemporalidade.

"1984"

O quão totalitário pode ser um Estado? Esqueça o livre arbítrio, esqueça liberdade de pensamento, esqueça a sexualidade, esqueça o individualismo, o humanismo e a dignidade. Isso é só o começo. Na Oceânia o lema é:
"Guerra é Paz

Liberdade é Escravidão
Ignorância é Força"
"Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado"
A sociedade é formada por pessoas "do Partido" e pelos Proletas, as primeiras são os verdadeiros cidadãos, devendo se comportar como tal, respeitando aquilo que lhe for imposto pelo Partido. Os Proletas são a escória da sociedade, por outro lado, estão livres para fazer o que bem entenderem, ninguém lhes dá importância. O Partido é personificado pela figura do Grande Irmão, ou Big Brother, que "sempre estará de olho em você"  (para quem não sabe esta é a origem do nome do reality show).

Para os cidadãos existem regras rígidas, a sua imposição e cumprimento é vigiada de maneira contínua pelas "teletelas", espécie de televisor conjugado com câmera de segurança que, ao mesmo tempo que apresentava mensagens transmitidas pelo Partido, também filmava todos os cidadãos. As teletelas não podiam ser desligadas.



A guerra é um eventro constante na Oceânia, variando apenas de opositor, por vezes a Eurásia, por vezes a Lestásia. Independente de com qual das duas se está em guerra, o maior inimigo sempre é Goldstein, um subversivo que propõe ideias capazes de destruir a imagem do Partido.

Winston, o protagonista da narrativa, trabalha no Ministério da Verdade, responsável por falsificar toda a informação escrita e contrária ao entendimento atual do Partido, bem como destruir as provas de que um dia tal documento original existiu. Winston conclui suas atividades com  presteza, mas, secretamente, não suporta o Partido e o Grande Irmão.

O livro se divide em três partes, na primeira delas, Orwell se concentra em estabelecer os princípios básicos de funcionamento do Estado, bem como demonstrar a insatisfação de Winston diante de sua realidade. Já na segunda parte, aparece Júlia que vive um romance com Winston e, juntos, eles praticam diversos crimes, sempre fugindo dos "olhos do Partido". 

A terceira e ultima parte é a mais surpreendente de todas e marca, de maneira bem evidente, o pessimismo do autor no ano de 1949. Por outro lado, toda a obra também poderia ser encarada como uma advertência, uma amostra do quanto o ser humano pode ser dilapididado em nome de um sistema que tem por finalidade apenas sua própria manutenção.

A criação de Orwell  é um Estado despersonificado, formado por meros "robôs". Qualquer indício de humanidade, de vida independente, colocava em risco o mantimento do sistema como um todo.  A voz do Partido é a voz da verdade e as pessoas são imersas em um contexto de total abnegação. 

Sem dúvida, de todos os livros distópicos que li, o Estado de "1984" é o mais totalitário. A linguagem, por exemplo, seria substituída pela "Novafala", que contava com um número de vocábulos extremamente resumido, com o objetivo de limitar a própria comunicação e o pensamento. 

O livro, por completo, é desesperador e você vai perdendo a esperança juntamente com Winston. Mas aqui é que a gente encontra a grande magia das distopias, elas te jogam em uma realidade em que as chagas sociais são maximizadas, para que você possa enxergá-las em uma escala maior. Em "1984" a chaga é o totalitarismo e a superposição de um sistema em detrimento de todos os homens, sem exceção. O homem é apenas objeto, nunca sujeito. A leitura é simplesmente ácida e leva um bom tempo para ser digerida, aliás, falando por mim, eu espero que ela nunca seja.

Edição _________________ 




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